domingo, 27 de julho de 2014

Sobre ser livre do coração.

Acho que estou vivendo uma bela contradição sobre o que supus de mim mesma. Ser livre de cabeça não é doloroso, o que dói é ser livre do coração. Quando o amor se liberta, quando sentimentos acabam daquela forma que tantas vezes questionei. Pois é, estou do outro lado.
Indiferente, seco, vazio. Posso dizer que são estes os sentimentos que me atormentam agora. Mais cedo, me espremia pra sair algum sentimento, eu queria derramar alguma lágrima. Estar desse lado é mais dolorido, talvez, do que do outro que ainda ama. Eu acreditei em mundos diferentes que poderiam encontrar um elo. Um equilíbrio, mas vejo que os mundos e seus vícios tão diferentes, apesar das necesidades serem iguais, não evoluem para o sempre. Eu evolui como mulher e como pessoa, mas meu corpo não. Eu nunca satisfaz os desejos alheios porque me guardava para um único. Que com um tempo, mais uma vez foi morrendo, mas desta vez rapidamente. Rápido demais!!! Ouvi da pessoa mais extraordinária que conheço, que para manter uma relação monógoma, se satisfazia sozinho , longe de mim e que as vezes fez, porque eu chegava cansada e ele precisava se aliviar. Mas fica a pergunta pra ele pensar e responder para sí, será que ele me procurou com amor ou veio de qualquer jeito, porque eu me recusei sim algumas, mas foi porque eu via que seria uma qualquer coisa , só para satisfazê-lo . Eu me satisfiz sozinha várias vezes porque não queria cobrá-lo e sempre com aquela insegurança de que estava sendo desamada aos poucos. Enquanto ele periodicamente vivia suas fantasias longe de nossos lençóis e quem sabe não repetiria o erro do início, com outro corpo fisicamente presente. Não é a masturbação. E sim como anda a relação. Se você se satisfaz e deseja o outro da mesma forma de antes, lindo!!! Mas eu estive carente por muitas vezes e me amei pensando nele. Sussurrando seu nome,esperando que ele retornasse e me amasse como eu fiz. E depois de dois anos, percebi que estávamos vulneráveis as mesmas crises, aos primeiros erros que ele cometeu. E sinceramente, eu não quero mais sofrer. Eu não quero pagar pra ver!!! Triste é, eu sinto muito mesmo!!! Mas quando ouvi tudo o que ele me disse, foi como se ele tivesse colocado uma foice no meu peito e se arrancado. A sensação é que perdi a memória, mas desta vez............ ..............do coração. Repito: Melhor sentir qualquer coisa, do que não sentir nada. Vá por mim, é horrível e eu ainda nem tenho inspiração para escrever menos direta e mais literária. Eu ainda não consegui comer, pensar, só sinto um vazio enorme e falta dos meus sentimentos, que eram tão sinceros e bonitos.

O que se sente

Uma dor que não dói, um amor que não se sente mais. Incrível o vazio, ele realmente destrói e nos deixa a míngua sem nenhuma lágrima cair.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

A ultima gota!!!

Neste momento eu quero um encontro discreto com as palavras, elas que gritam dentro de mim há um longo tempo. Palavras minhas sem a menor obrigação de serem compreendidas, dispensando as críticas, os "achismos", os julgamentos . Dispensando o que não é mais necessário. Querendo apenas o que soma. Estou cansada de diminuir essa vida. Eu nunca gostei do silêncio e também nunca consegui dormi no escuro. Eu não sabia se era medo, pânico. Sempre ficava uma inquietação na minha alma, nos meus pensamentos. Eu ouvia a minha respiração, as batidas do meu coração. Eram barulhos insuportáveis. Posso dizer que durante toda a minha vida eu dormi com a televisão ligada, ouvindo o barulho dos outros, e percebo o quanto fui infiel comigo mesma. Hoje sei que naquele silêncio ensurdecedor e naquele escuro temeroso eu encontraria muitas respostas. Ali, era o encontro que eu busco hoje, o encontro comigo mesma. Foram tantas noites que eu insisti em não me ouvir, em não ouvir meu coração. Foram noites que eu recusei ouvir minha própria respiração, era como se eu recusasse sentir que estava viva. É preciso algum tempo na vida para assimilar algumas coisas, e eu sempre tenho a impressão de que pra mim esse tempo demorou muito. É claro, eu contribui muito pra isso, disso eu não tenho dúvida. Foram muitas às vezes em que eu me atirei na vida sem nenhuma rede de proteção, é o pior, sempre achei que lá em baixo alguém ia me segurar. Foram tantos tropeços, quedas, mentiras, falsos sentimentos, trapaças, decepções e ainda há quem diga que a vida é isso mesmo. Não, não é mesmo. Eu sei exatamente quais foram os meus pecados, eu não fui sempre uma boa pessoa. E sabe do que eu me arrependo? De ter tentado ser, de ter ido dormir muitas vezes calando a minha voz e ouvindo a voz da televisão, de ter ensaiado muitos textos e não ter subido no palco com eles, de ter aceitado das pessoas o que elas nunca aceitaram de mim. E acredite, ainda existem fantasmas que levarei comigo por um bom tempo. Mas eu acalmo a minha alma assim, acreditando que na vida a gente leva vários escorregões, uns ralam pouco e outros não, por isso você não vai dando importância. É igual aprender a andar de bicicleta, quando você leva aquele super tombo é que percebe o quanto precisa aprender rápido, porque a vida não espera. Talvez eu ainda não esteja tão bem no meu pedalar, mas eu vou devagarzinho, sempre olhando pra frente, uma pedalada atrás da outra com todo cuidado, afinal, já tenho muitas cicatrizes no meu joelho. E eu já nem tenho medo do escuro e o silêncio não me incomoda mais. Hoje com toda segurança eu desligo a TV, e o único barulho que eu ouço é do meu coração. Ah e por que meus olhos estão vermelhos? Eu chorei. Chorei toda a noite. Deixei até a ultima gota cair. Mas, quando o sol nasceu, eu aceitei o abraço do sono e dormi. Antes dos meus olhos se fecharem eu ainda consegui desejar que tudo voltasse ao normal quando eu acordasse. E eu não mais acordei. Foram as minhas últimas lágrimas.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Mulher

Nem sempre esclareço tudo o que sinto. Aprendi na escola a pensar a lógica matemática, a realizar raciocínios exatos, a cumprir regras precisas à rigidez do correto, a chegar à hora marcada, antes do toque de entrada. Tudo isto tinha uma explicação coerente dada pelo mundo, tal como tinha uma razão o que aprendia no resto da vida, o pão do pequeno almoço, o leite do lanche, o beijo do cumprimento, o sono da noite. Até determinada altura vivi sob orientação externa de carácter definido, métodos orientadores de ações fundamentais ao crescimento, rigores preestabelecidos que permitem a uma mente imprecisa e evolutiva caminhar num espaço externo, do corpo para fora, anos depois. Nesses anos depois, quando o intelecto amadurece, nem tudo se explica, tudo se sente, eventualmente tudo se aceita. Falo por mim, muito embora compreenda (e aceite, lá está) outras reflexões. Não consigo explicar inúmeras sensações que tenho, alcançar sensibilidades que me assaltam, perceber o vácuo do mundo que não se mede, que não se contabiliza, que não se regista. Facilmente, e por outro lado, entro nos caminhos seguintes, ou seja, depressa aceito, e já senti de tudo um pouco. Esta visão parece-me uma mais-valia profissional, muito embora o sentir-me aquém seja uma constante: todos querem respostas válidas para agarrar a mente, que não há quem a segure, quanto mais o corpo. Não tenho, lamento e uso dizer, mas não tenho de todo. Porém, o verdadeiro busílis encontra-se em mim e comigo. Se rapidamente aceito e não explico, fico-me porém com os sentires, a esses não há como fugir. E o que fazer com aqueles que me invadem na calada da noite, de emboscada, impossíveis de matar, ocultos de tudo o que me seja coerente? Também não sei, lamento e uso pensar, mas não sei de todo. E sendo assim concluo que sei pouca coisa, sinto em demasia, explico quase nada e aceito quase tudo. Sou aparentemente estupenda. E assustadoramente real.