Percebo que não avanço mais. Os meus movimentos não me levam para lugar algum. E as minhas pernas já não obedecem mais o comando inútil do meu inútil coração. Continuo preso no mesmo estágio. O estágio onde escrever sobre o não-sentido tem muito mais sentido. O estágio onde dizer que te amo tanto não tem mais tanta importância, não tem mais tanto sentido. O estágio onde dizer que não te amo mais não tem mais tanta graça. O estágio onde não há diferença entre aceitar as regras de conduta e conduzir as regras não-aceitas. O estágio onde ver através dos teus sentimentos não me faz mais ver os meus, onde ler os teus pensamentos me faz pensar em nunca mais ler os meus. O estágio onde as dores presentes, os poemas futuros e os amores passados parecem ser a mesma coisa: As dores agonizam dentro de um corpo que nunca mais será amado; Os poemas sufocam no fundo de uma gaveta que nunca mais será aberta; E os amores tentam nunca mais ferir nem inspirar os mais novos poetas.
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