quarta-feira, 24 de abril de 2013

Das vidas de onde não se leva menos, nem se leva mais… Não se leva. Deixa-se aos que ficam, aos que ainda estão por chegar; deixa-se aos que experimentaram um pouco do que se tentou no muito que se conseguiu; deixa-se aos que ouvirão histórias minhas, histórias nossas, histórias de um tempo onde o impossível se fez real, ganhou formas e virou lembrança. Das vivências, do convívio, dos acontecimentos, ora felizes, ora tristes. Das vidas em que sorrisos sinceros verteram lágrimas; em que planos mirabolantes tornaram-se risadas imediatas; em que soluções transformaram-se em problemas; e em que problemas explodiram em soluções… Das vidas que vivemos o tanto que somos, o muito que fomos, o todo que arregimentamos, a saudade que ficou. Do tempo que passou ao tempo que está por vir. Do ontem ao hoje, ao amanhã. Do qualquer ao específico; da suposição à constatação. Das partidas, das chegadas; das idas e vindas de todos nós… Das lembranças saudosas que chegam e se apropriam do corpo e da alma. Dos dias sombrios; das noites iluminadas. De tudo que foi escrito na areia, gravado na pedra, inscrito no peito. Dos dezembros sem fim carregados de saudades. Dos caminhos que se cruzaram no ontem e se estenderam até a eternidade, até o sem fim, até o pra sempre. Das pontes que nos levam, que nos trazem, que te trazem; que ligam pontos e destinos, que cruzam estações, que direcionam os passos. Do vento que afaga, da chuva que consola. Deixa-se aos que se lembram o supremo poder da aproximação; o estar próximo mesmo estando longe; o estar junto, estando já separado. Deixa-se aos que sentem a máxima da plenitude. Deixa-se o querer de quem muito quis; deixa-se a lição do que foi perdido e a posse da conquista. Deixa-se as vidas que existiram em uma vida, que passaram, que ficaram, que ainda estão na lembrança. Dos antigos dezembros, dos dezembros passados e ainda tão vívidos… Dos dezembros de ontem que não voltam mais… Dos dezembros sem fim carregados de saudade, deixa-se o muito que se foi, o tanto que se fez, das vidas de onde não se leva menos, não se leva mais, mas se deixa além, se deixa muito.

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