No momento eu penso muito mais do que falo, e tento escutar de menos – e a sensação não é nem um pouco acolhedora. Apesar da firmeza dos meus pensamentos, o foco de tensão na minha garganta não deixa que eu engane a mim mesma.
Queria ser a dona do tempo, ao invés de apenas alguns breves momentos. Não estou me dando brechas, não estou me permitindo ultrapassar os limites impostos por mim mesma, porque preciso ser firme. E estou imóvel na posição que não queria estar. Enquanto meu coração me avisa mandando sinais de desconforto ao meu corpo, o meu cérebro comanda para que eu permaneça sem produzir ruídos.
Estava tão segura que perdi o rumo dos meus passos. Não, nunca tive todo esse autocontrole. E é perfeitamente justificável, porque nós somos capazes de trazer ficção as nossas monótonas vidas. O real pode parecer surpreendentemente muito chato, afinal, é o que está do nosso lado e vemos todos os dias.
É bom fazer de conta que existe magia. E não precisa ser algo do outro mundo, não precisa se tele transportar. Talvez a chave de toda a minha inconstância seja justamente, não cair em nenhum caminho sem volta. Só tenho medo de acordar um dia e o futuro esteja decidido por mim, que seja tarde demais para fazer tudo que ainda não fiz.
Não vejo nada de errado em quem é tão simples que não se importa em viver cada dia como se fosse o último. Se absorver emoções em doses homeopáticas é a essência de alguém, acho maravilhoso. Só que eu gosto da adrenalina, do coração acelerado, de me inspirar a todo o momento, enfim. Gosto do som de “desafiar a ordem vigente”. E até da palavra “incomodar”.
Gosto de ir aos extremos, e uma vez li em algum lugar que a inspiração vem de você ir fundo na escuridão para depois vir para a luz com todas as suas forças – não foi exatamente isso que eu li, mas foi a forma como interpretei. Quero sentir tudo que eu tiver que sentir, sem deixar passar nada, porque são essas experiências que vou levar comigo.
Não me acho a pessoa mais corajosa do mundo nem de longe. Só não me cobro tanto com o medo de errar. O medo só atrapalha, porque nos dá uma energia negativa para não tentar algo. É difícil você ter uma experiência que não seja válida para nada, só se você não estiver fazendo a interpretação certa. Tudo que vivemos precisa ser visto como algo a nos somar, como se fossem tijolos para construir uma fortaleza ao nosso redor – não no sentido de nos deixar menos sensíveis, mas sim mais “sábios”.
Particularmente, não gosto de fazer nada pela metade – ter algo pela metade. Os extremos, os lados opostos, o impossível e o imaginado – famoso oito ou oitenta. Percebo quando algo é verdadeiramente importante, quando no meio das minhas oscilações, alguma coisa continua me puxando de volta – como a música.
O tempo se encarrega de varrer tudo que é sem importância para longe, leva o que é ruim. Na nossa memória procuramos ter só lembranças boas, principalmente em longo prazo. Na nossa bagagem emocional, as ondas não levam o que realmente importa. O tempo não apaga o que há de bom, e o que sobrevive às mudanças meteorológicas da sua vida.
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