sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Decorreram apenas anos desde que ele partiu. Passaram-se vidas, existências inteiras que em suas linhas divisórias se confundem, formando um emaranhado de histórias sem começo nem fim concretos. Quantas vezes já não morri pra nascer de novo, por vezes mais forte, pra morrer fraca e nascer cruel, pra morrer de amores e nascer com a esperança de quem nada sofrera, morrer por nada e nascer com tudo. E distantes se tornam outras vidas, como se fossem lembranças de um filme que outrora assisti. O que sou senão vários personagens entranhados em tão diferentes histórias? Impossível unir tudo em uma só película. A inconstância das coisas é dificilmente compreendida por quem não a vive e o tempo psicológico ultrapassa o tempo real. No meio dessas vidas se misturando se confundindo me enlouquecendo, de repente escapou-me a vida que até então predominava sobre tudo. Eu estava viva sem ele e não sei se aquilo se chamava alivio ou vazio, mas me sentia diferente e desamparada. Perdi a maior de minhas dores, mas era a dor essencial. Aonde me apoiar se o que me fez eu mesma, já não fazia mais parte de mim? Se por acaso um dia esse tecido invisível que me cobre por inteira e desde sempre me sufoca se desgrudar de meu corpo, o arrancarei com tanta força, e o rasgarei todo, todo, para que não possa nunca mais vestir nenhuma frágil existência que não tem a força interior necessária para se desprender dessa casca ilusória que impede qualquer movimento senão interior e prende a nossa essência dentro da gente, de modo que ninguém possa compartilhar do que há de bonito em nossa alma (e de feio também). Livrando-me desse empecilho, suspirarei com tanto prazer ao sentir minha face livre tocar o ar, que ele poderia se machucar com tamanha força de expiração. Será uma dor boa perder o que sempre me guiou (contra todas minhas vontades), acho que gritarei por surgir dentro de mim uma sensação repentina de coragem que num movimento impulsor grita para mostrar poder; ou gritarei devido à uma felicidade incontrolável, dessas que querem rasgar o peito e pular pro mundo; ou até de susto por ser uma sensação desconhecida que brotou inesperadamente; tanto faz porque no fim o grito é o mesmo. Gritante e despida, jogarei os retalhos pútridos da vestimenta contra o vento, que com a minha recomendação, os levará para qualquer dimensão inalcançável para que nunca qualquer anjo mau os costure e tente me vestir à força novamente. Juntarei os pedaços de cada história interrompida por esse manto que cobria meus olhos, sufocava minha fala, impedia minha respiração, e consertarei meticulosamente a vida que perdi. Correrei contra os fatos, voltarei no tempo, mudarei o sentido da terra. Para sempre nua dos meus medos. Mas por enquanto...vou vendo alguns outros amores, se encontrando em encaixes perfeitos de si, e eu continuo com medo desse meu encaixe hoje, descobrir que não sou mais tão interessante assim...ou sou, de repente, sei lá!! A vida é uma caixinha de surpresas!

domingo, 28 de julho de 2013

Quando o amor por uma lasciva fêmea me amarrotava o coração, senti a necessidade de largar o meu feixe de palavras incendiárias a respeito do que julgo ser o homem, de para onde caminha a humanidade e de todo o esterco filosófico que em tantos anos de história fora produzido e levado a sério – Bela arte, isso é inegável. A arte se torna bela ao passo que nela há o crime, o punhal que enxerta na carne e faz jorrar o sangue, que traz à luz do mundo visceral as vísceras, o acidente e o profundo mistério incoercível de todas as coisas. Ser tudo no crime, diz Pessoa. Sintetiza, com isso, o ideário principal, a sublimação, a catarse, o amor, o ódio, e o panteísmo em uma única frase. Ser tudo no crime, verso incólume da Ode Marítima, que ora vaga pelo que se vê ora pelo que se sente, e abrevia na máxima força dessas poucas palavras o que deve ser a criação artística que subleva. Mas havia o amor e os meus sonos eram tranqüilos, tudo acontecia por dentro como se nada acontecesse por fora; chega a ser constrangedor expurgar essas palavras, mas aqui não omito de expor o que julgo ser a minha verdade: é um exame de auto-consciência pela vergonha própria. Há no mundo milhões de “Srs.K”, que, diferentes dele, dardo d’O Processo, livro de Kafka, sabem o porquê de suas sentenças e permanecem inócuos em relação a isso, como se não houvesse nada, como se a busca pelo pão e pela ejaculação diária lhes vendasse os olhos e lhes impossibilitasse de desejar algo além. Compreendamos: para seres que há algum tempo andavam como macacos, até que evoluímos... corporalmente; a irracionalidade é a mesma e o instinto também. Devo me dizer humanista? Ora, quem cria a síntese e moldura a imagem difusa da verdade são os filósofos. A mim cabe dar-vos a encenação de minha queda na lama, afinal também desejo por ser ídolo. Eles só são amados, os ídolos, quando dão o show, quando dramatizam, à maneira Beckettiana, o espetáculo. A flor do amor fora pisada, amalgamei com poéticas e hediondas lágrimas pétala por pétala; de início, surgem a angústia e o ódio; depois, quando passado algum tempo, vem todo o ar de uma liberdade que não existe; e você se sente livre por não mais haver de se subjugar a nada, só à inutilidade de suas considerações reduzidas sobre a vida, ao arroubo de pensar, que por ter uma soma de pecúlio, é alguma coisa; e a masturbação diária ganha vida com o corpo de uma outra mulher. Sobreviver, eis máxima. Pela sobrevivência eu vivo; procrastinar-se é metafísica e está além dos homens.

O dinossauro.

Um ser cheio de culpas por não aceitar os deslizes provocados pelos seus inevitáveis instintos; um ser cheio de ansiedades por exigir os resultados de forma demasiada; um ser que não se admira, nem se conforta em sua condição humana capaz de contemplar, de admirar, por viver na amarga ilusão de um futuro. Dinossauro é um ser que apedreja um cachorro na rua por acreditar que ele não sente por que não é gente e não tem razão, mas que por ser robótico, consegue reproduzir os discursos cobrados pela sociedade e exige da humanidade um maior cuidado com a natureza. Dinossauro é um ser angustiado, incapaz de pensar sobre si mesmo, apesar de produzir inúmeros artigos científicos nos congressos da vida. Um ser atormentado que procura o divã e sequer consegue chorar, pois a sua condição de máquina cobra dele uma força calculada e anti-humana. Ele se acha bastante à frente da natureza por acreditar que é humano e por ter razão, mas não percebe que a sua racionalidade o torna um ser capaz de ficar muito atrás dos animais, ou seja, daqueles que ele afirma como inferiores por serem “irracionais”, afinal, é uma cabeça pensante perdida de si mesma. O galo na casa do seu vizinho canta todos os dias às 04:30 da matina. Dinossauro às vezes só consegue dormir às 05:00 por estar atormentado com tantas cobranças para o futuro e por ter acabado o seu remédio para a ansiedade. Já, já se acordará, saberá qual o dia, mas ao dormir, assim como todas as noites, não perceberá o tempo. Conselho: O torto não tem compromissos com seus sentimentos. Se você for alguém preso a valores e verdades muitas, por favor, evite o torto porque você pode enfartar. Essa é nossa marca desde o primeiro dia e isso não acaba, é da natureza do movimento. O torto critica o que você disser com muita avidez, não adianta você achar que está na casa da mamãe, o torto é tudo menos este lugar. Muitas quizilas eu tive com o torto. Um dia pensei em deixá-lo, logo em seguida pensei: E onde vou? Onde escrever e sentir a adrenalina no outro dia sabendo que pode vir uma rosa ou chumbo grosso? Então decidi ficar por aqui e estou me dando muito bem, mesmo sabendo que dou duro para escrever um conto e os comentários são pouquíssimos, pelo menos dos membros do torto. Mas não estou nem aí para isso, o torto é minha mídia e o mundo já percebeu minha existência.

domingo, 30 de junho de 2013

A música que sempre me acompanha

Seu Nome Luiza Possi. Quando essa boca disser o seu nome, venha voando Mesmo que a boca só diga seu nome de vez em quando Posso enxergar no seu rosto um dia tão claro e luminoso Quero provar desse gosto ainda tão raro e misterioso do amor... Quero que você me dê o que tiver de bom pra dar Ficar junto de você é como ouvir o som do mar Se você não vem me amar é maré cheia, amor Ter você é ver o sol deitado na areia Quando quiser entrar e encontrar o trinco trancado Saiba que meu coração é um barraco de zinco todo cuidado Não traga a tempestade depois que o sol se pôr Nem venha com piedade porque piedade não é amor

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Balão

Destituída de tudo, decidiu seguir sem eles, livrar-se deles. Escolheu, de comum acordo com o triste reflexo de seus olhos apagados no espelho, que ela mesma matasse aquelas velhas expectativas fadadas ao fracasso pelo tempo, que se estendera demais, e pela vida, que insistia em mostrar-se apática e fria. Colocou tudo em um balão e soltou aos céus. Que o vento os levasse, que o sol os esquentasse ou a chuva, se possível assim o fosse, os molhasse até que desmanchassem como pedaços antigos de papel amarelado. Que subissem bem alto e voltassem ao ponto de origem se o destino assim o determinasse… Que vagassem pelo mundo, sobrevoassem outras paisagens, se redescobrissem na insistente exploração daquele sem fim azul… Que ganhassem outras formas, se readaptassem conforme o balançar daquele balão repleto, onde as vontades perdidas se misturavam aos desejos abandonados… Subiu pro céu um balão pesado, que carregava todos os sonhos que desistira de sonhar… Ela ficou lá, observando seu balão subir e esperando, com a sagacidade sonhadora da menina que ainda abrigava dentro de si, que o futuro trouxesse de volta a possibilidade de sonhar pelo menos mais uma vez.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Conversa de Botas Batidas

- Veja você onde é que o barco foi desaguar - a gente só queria o amor... - Deus parece às vezes se esquecer - ai, não fala isso, por favor Esse é só o começo do fim da nossa vida Deixa chegar o sonho, prepara uma avenida que a gente vai passar - Veja você, onde é que tudo foi desabar A gente corre pra se esconder... - E se amar, se amar até o fim - sem saber que o fim já vai chegar Deixa o moço bater que eu cansei da nossa fuga Já não vejo motivos pra um amor de tantas rugas não ter o seu lugar Abre a janela agora, deixa que o sol te veja É só lembrar que o amor é tão maior que estamos sós no céu Abre as cortinas pra mim que eu não me escondo de ninguém O amor já desvendou nosso lugar e agora está de bem Deixa o moço bater que eu cansei da nossa fuga Já não vejo motivos pra um amor de tantas rugas não ter o seu lugar Diz, quem é maior que o amor? Me abraça forte agora, que é chegada a nossa hora Vem, vamos além. Vão dizer que a vida é passageira Sem notar que a nossa estrela vai cair

Era Você Vanessa da Mata

Naquela rua Movimentada Meu corpo passa Naquele beco Naquela praça Os meus pés Descalços Morenos Parados Marchando Meus olhos pequenos Pararam de amar Naquela rua Movimentada Era você Naquele beco Naquela praça Deixei de ser Moleca Morena Bonita Um sonho Meus olhos Meus planos Deixaram de amar (2x) Parei de amar Se Deus quiser e me cuidar Meu coração vai andar Na paz que eu tanto quero Parei de amar Naquele caso era justo Naquele amor tão sofrido Amava com solidão Moleca Morena Bonita Um sonho Meus olhos Meus planos Deixaram de amar Meu lar Meu coração Meu doce corpo são Minha voz Sem nó Minha luz Nenhuma armadilha dessa estrada vai me fazer sofrer

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Liberta

Decidida a não mais arcar com aquela presença ou com as conseqüências dela, despiu-se do manto negro que a esquentara e acolhera durante tempos, desnudando sem receios as fraquezas que ainda escondia. Se viu grande, enfim! Liberta da sujeição da companhia de outrora, seguiu sozinha sem o peso etéreo acinzentado do passado que deveras a consumiu. Como pluma ao vento, deslizava livre por entre as entranhas e desejos de si, flutuava através do que construía de novo sobre aquela desconstrução antiga; se fazia mais por refazer-se do menos que tornara-se, alimentando o mais que podia ser. Se descobriu capaz por ser capaz, se viu forte por ser forte. E o doce se fez mais doce, assim como o amargo se fez deliciosamente mais amargo… Repentinamente apagou a brasa da morte sem nenhum arrependimento pelos tempos de suicídio vividos até então; inesperadamente acendeu a chama da vida. Pra surpresa dos incrédulos, eclodiu acesa! ***

terça-feira, 30 de abril de 2013

A vida que levamos nos impõe provas o tempo todo e as pessoas com as quais convivemos também. Quando menos esperamos uma peça qualquer nos é pregada ou um tapete nos é puxado e precisamos, seja lá como for, reverter a situação e dar a volta por cima. Piegas? Não, a mais simples realidade; sem palavras bonitas ou demais formas de ornamentação. Viver é isso e conviver com isso acaba por tornar-se quase um dom, que adquirimos no decorrer do percurso. Certo… Nem todos adquirem, mas em sua grande maioria, todos tentam. Bonito é fazer isso de cara limpa, sem trapaças, interesses inúteis ou mesquinharia. Coisa pra pouquíssimos mesmo! Sem questionamentos em relação aos artifícios da humanidade, algumas pessoas extrapolam, assim como algumas situações também extrapolam. Divagando aqui com minhas supostas heresias, é como se Deus, lá de cima, apontasse o dedo e dissesse: “você, filha da puta. e de novo!” De novo?!… Seja feita vossa vontade, mas comigo, de novo, já te aviso que não vai prestar… A cada tropeção levantar mais inteira, como se tudo fosse parte do todo e na certeza de que não existem vítimas ou coitados; existem situações pelas quais precisamos passar justamente para aprendermos a não ser mais como éramos antes; justamente para seguir em busca de uma evolução que nem todos alcançam, mas que para todos é disponibilizada. E é, não é?!… Tudo pode ser tempestade, ou ser apenas leve calmaria; depende dos olhos que veem. Do Céu ao Inferno, basta um passo mal dado, uma atitude controversa ou uma palavra mal-dita. A vida nos impõe provas como se precisássemos provar algo a ela, mas basta que sejamos algo para nós mesmos, que sejamos justos, que sejamos corretos; entretanto há os que pensam diferente. Nenhuma prova vai além da sabedoria daqueles que sabem viver, e quando digo ‘sabem viver’ não me refiro à malandragem de tantos, não; menciono aqui a coragem de alguns. Isso é força de gente! Isso é mérito que deve ser enaltecido e reverenciado sempre. Em um mundo onde o errado é tomado como certo, há os que se mantém de pé por usarem outras pessoas como muletas; há os que se julgam fortes por passarem a vida reclusos, fugindo das verdadeiras batalhas; há os que usam do empobrecimento do outro para seu próprio engrandecimento; há os que se julgam únicos por viverem fechados em um universo só seu. E há aqueles que se mostram, que não se omitem, que não exaltam falsas verdades, que não perdem seu tempo com o que é dispensável… Há aqueles que não vêem como certo o errado que os demais defendem. Em oposição aos que vencem por covardia, há os que perdem por coragem. Há quem aja de modo a quanto mais apanhar, mais bater. Pois eu, das porradas que a vida me deu, aprendi uma coisa: eu bato de volta sim, porque não sou tonta e muito menos idiota, mas bato com classe. Em algumas vezes uso de tanta classe que quem toma a porrada não sente seu impacto, só se dá conta depois que o sangue desce. Um brinde àqueles que caminham aparentemente na contra-mão, mas não apontam a mão contra; um brinde aos que buscam nas entrelinhas o caminho sensato do sucesso justo; um brinde à quem sabe viver sem denegrir outras vidas; um brinde a quem reconhece a força que tem (e sabe que tem!) e a reverte em prol de vida digna. Pra quem não foge da vida e não permite que a vida fuja de si, pra quem consegue ser ainda que meio mundo tente mostrar o contrário, pra quem é gente e, certamente, é mais gente que muita gente…

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Antes do tempo

Como se houvesse respaldo para ser menos do que era, insistia em não ser mesmo que ainda o fosse. Como se o tempo servisse como base, criava alicerces frágeis em cima dos momentos pequenos e desabáveis. Como se as horas nada significassem, apenas sentava e as via passar… Como se as notas musicais não emitissem mais sons, como se os desejos não mais solidificassem esperanças, como se as palavras faltassem, como se as lágrimas abafadas pudessem redimir o sentimento, como se o medo pudesse trilhar estradas, vagava entre o ontem e o nunca mais sem desligar-se do talvez. Quanto mais tentava, menos conseguia; quanto mais buscava, mais estagnava; quanto mais precisava, menos encontrava. Na paz de um marasmo destorcido, encolhia-se como pétala esturricada, escapava como dormideira ao toque das mãos. Sequer encontrava sombras onde pudesse depositar quaisquer outras sombras das quais quisesse se livrar; apenas o deserto arenoso e seco do futuro incerto e capcioso de amanhãs tortos e sem poesia. Já não sobrara mais nada; não ficara mais nada; nada mais fazia sentido. Ficou velha antes do tempo. Não sabia ao certo se pela vida que viveu ou por todo o tanto que deixou de viver. Não sabia quando, nem como e nem por que… Ou talvez soubesse, mas omitia por defesa, em cautela de um tempo que já não era mais seu. Dos farrapos esquecidos no passado já não se compunham os trajes de gala; dos sonhos adormecidos, não resplandeciam mais esperanças; nos reflexos opacos não havia brilho algum. Não havia serenatas, nem sorrisos, nem momentos de perdição, nem tédio. Alguma coisa ficou pra trás, deixada, perdida, esquecida, adormecida… Velha, bem antes do tempo.
Das vidas de onde não se leva menos, nem se leva mais… Não se leva. Deixa-se aos que ficam, aos que ainda estão por chegar; deixa-se aos que experimentaram um pouco do que se tentou no muito que se conseguiu; deixa-se aos que ouvirão histórias minhas, histórias nossas, histórias de um tempo onde o impossível se fez real, ganhou formas e virou lembrança. Das vivências, do convívio, dos acontecimentos, ora felizes, ora tristes. Das vidas em que sorrisos sinceros verteram lágrimas; em que planos mirabolantes tornaram-se risadas imediatas; em que soluções transformaram-se em problemas; e em que problemas explodiram em soluções… Das vidas que vivemos o tanto que somos, o muito que fomos, o todo que arregimentamos, a saudade que ficou. Do tempo que passou ao tempo que está por vir. Do ontem ao hoje, ao amanhã. Do qualquer ao específico; da suposição à constatação. Das partidas, das chegadas; das idas e vindas de todos nós… Das lembranças saudosas que chegam e se apropriam do corpo e da alma. Dos dias sombrios; das noites iluminadas. De tudo que foi escrito na areia, gravado na pedra, inscrito no peito. Dos dezembros sem fim carregados de saudades. Dos caminhos que se cruzaram no ontem e se estenderam até a eternidade, até o sem fim, até o pra sempre. Das pontes que nos levam, que nos trazem, que te trazem; que ligam pontos e destinos, que cruzam estações, que direcionam os passos. Do vento que afaga, da chuva que consola. Deixa-se aos que se lembram o supremo poder da aproximação; o estar próximo mesmo estando longe; o estar junto, estando já separado. Deixa-se aos que sentem a máxima da plenitude. Deixa-se o querer de quem muito quis; deixa-se a lição do que foi perdido e a posse da conquista. Deixa-se as vidas que existiram em uma vida, que passaram, que ficaram, que ainda estão na lembrança. Dos antigos dezembros, dos dezembros passados e ainda tão vívidos… Dos dezembros de ontem que não voltam mais… Dos dezembros sem fim carregados de saudade, deixa-se o muito que se foi, o tanto que se fez, das vidas de onde não se leva menos, não se leva mais, mas se deixa além, se deixa muito.

sábado, 6 de abril de 2013

Eu queria ser mais forte! Como me enganei achando que eu era forte. Eu sou fraca. Desisto sempre, e não me motivo nunca! Quando me dão a oportunidade de mudar, eu desisto mais uma vez. Eu queria ser mais forte, queria conseguir aguentar as barreiras... Eu ainda quero isso, mas tenho um medo que é maior do que eu. Eu estou envelhecendo e não estou vendo meus objetivos nem chegarem perto de mim, talvez porque eu desista deles antes deles começarem a existir realmente.... Se eu pudesse escolher, eu seria mais forte, mais amiga, mais compreensiva, mais ativa, mais profunda. Mas se eu puder correr - eu corro o quanto antes! Eu era uma pessoa de personalidade muito forte, determinada e focada. O problema foi crescer tendo tantas decepções. Todas às vezes que eu disse o que pensava, eu me dei mal. Agora eu tenho medo de arriscar, tenho medo de falar, de me expressar e quando eu raramente o faço eu magoo, eu machuco e me extrapolo... Não sei controlar meus sentimentos... Queria gostar menos de reticências e ter mais pontos finais! Ando muito impaciente. Fico nervosa à toa. Pra querer morrer não preciso de muito - pois eu não encontro muitos motivos pra querer continuar a viver! Parece que sou sempre um empecilho. Mas no fundo, eu queria mesmo era me achar. Me encontrar de alguma forma, e me moldar. Me tornar alguém especial pra mim, e especial pra alguém... Me dói não encontrar os resultados em 30 anos de existência. É claro que possuo amigos que vão me dizer que sou especial de alguma forma para eles ou para outras pessoas, mas não é disto que estou falando... Eu que nunca fui de me deixar abater por pouca coisa, vejo o quanto eu mudei. Vejo o quanto eu piorei e declinei no decorrer dos anos. Este é o problema de ser mimada. Nunca encontrei um objetivo, porque eu nunca realmente precisei... mas agora, eu vejo que não sou nada, nem quero nada... Não tenho nada além de muitas dúvidas do que eu poderia ser! Mas agora que estou neste barco eu vou até o fim - vamos ver no que dá, se posso ainda melhorar... Quem sabe não seja tão tarde pra me encontrar!
Monólogo Mudo Uma menina que não sabia falar, escrevendo era melhor, escrevia pra si mesma sempre, escrevia muitas vezes seus segredos, mas isso não tinha importância, pois ninguém lia. Por não falar ficava imergida, muitas vezes presa a seus pensamentos ou seria livre em meio aos seus devaneios?!? Enfrentava percalços como todo mundo e sabia que as respostas estavam nos mesmos, só não sabia como começar a procurar ou será que já sabia as respostas!? Carinhosa e amável, altruísta, por vezes áspera e egoísta. Acreditava demais naquela força superior, mas vivia em meio a pontos de interrogação e tinha muitos "porquês", porque de acontecimentos, perdas, mas ainda assim não deixava de acreditar. Acreditava, pois via muitas coisas boas entre as ruins, ela só não sabia falar, e às vezes tinha olhos inundados e madrugadas longas demais! Depois das quase infindáveis madrugadas o sol nascia como todos os dias e ela colocava sua máscara sorridente e saia com um monte de gente e assim os fazia contente! Tudo isso por que a menina falava demais!

sexta-feira, 29 de março de 2013

A IDADE DE QUALQUER COISA

AOS 20 ANOS Viajar sozinha Ter uma amiga a tiracolo é ótimo para ser cúmplice dos bons e maus momentos. Mas é aí que está a graça de ir sozinha. Você não só vai ter a chance de decidir o roteiro, se vai ficar em hotel ou em albergue, se compra ou não aquele pesadíssimo jogo de xadrez de design — do qual certamente se arrependerá —, como vai ter chance de estar a sós de verdade com seus desejos, seus sonhos, seus fantasmas e seus limites. Acredite, isso lhe deixará mais madura e mais segura para fazer escolhas em qualquer situação de sua vida. Transar com um desconhecido Essa é fácil. O difícil é colocar o jeans de volta, dar meia volta e se despedir sem esperar que ele peça seu telefone. Mais: conseguir se divertir tanto quanto ele ou mais do que ele. “O problema é que as mulheres pensam em sexo quando há um estímulo interno — como pensar em alguém de quem gostam”, escreveu o terapeuta sexual americano Ian Kerner no livro Fala Sério! Você Também Não Está a Fim Dele (Ed. Best Seller, 176 págs.). Isso significa que ainda é um tabu dissociar sexo de romance. Para eles, “sexo é uma forma de expressar suas emoções, e muitas mulheres não entendem isso porque estão mais do que acostumadas a mostrar o que sentem de outras maneiras”, escreveu Kerner. Bem, garota, sexo, mesmo que casual, é um jeito e tanto de se emocionar. Comprar uma bolsa que custe metade do seu salário Se você não fizer agora, não fará nunca. A bolsa acaba virando prioridade 28 — antes vêm aluguel, terapia, cabeleireiro, as 12 prestações da passagem para NY... Então, às compras, garota. Claro, não compre por impulso, valorize o seu objeto de desejo, namore a peça na loja, mostre às amigas e, por fim, faça as contas e veja se sobra dinheiro para você desfilar com sua nova aquisição por aí. Ficar quebrada com uma bolsa cara no armário não vale. Abrir mão do bonitão porque sua amiga gostou dele A gente sabe que quando vai para a balada é como ir para a guerra. Trocamos o coturno pelo salto e a pintura de batalha por batom e blush. E se dá bem quem tem a melhor tática — o que nem sempre é o caso de sua melhor amiga, que é tímida, quieta e zero no quesito descolada. Exatamente o seu oposto. Então, desvie o sorriso arrasa-quarteirão e deixe sua amiga se dar bem. A amizade de vocês nunca mais será a mesma. Ficará muito melhor porque ela terá certeza de que tem uma parceira na vida e não mais uma adversária. Passar o dia em casa vendo filmes e comendo junk food Afundar no sofá com pipoca, Häagen-Dasz e Coca-Cola não tem preço, como diz a propaganda. Melhor ainda se estiver passando Curtindo a Vida Adoidado na Sessão da Tarde. Você vai poder comer, ver o filme, dormir, acordar e ver o final do filme sem medo de perder o fio da meada — como todo mundo, já o assistiu 298 vezes. Anote mais estas + Mudar a cor do cabelo radicalmente + Pintar a parede do quarto de laranja + Fazer uma excursão de ônibus para o Festival de Inverno de Ouro Preto, em Minas Gerais + Acampar (mesmo que seja para dizer “nunca mais”) + Cantar MPB bem alto com os amigos na mesa de um bar AOS 30 ANOS Pedir demissão Em tempos de crise, parece uma dica meio suicida. Então, espere que você tenha uma bela reserva para bancar qualquer que seja seu sonho. Abrir um café, tirar um ano sabático e viajar, trabalhar em casa... Você pode ter crescido ouvindo seu pai dizer que deveria prestar um concurso público e sossegar o pito no mesmo trabalho. Mas, de acordo com os gurus corporativos, fazer carreira em uma única empresa nem sempre é a melhor estratégia para valorizar seu passe. Se você tem uma boa formação e construiu uma base sólida nos primeiros anos de carreira, essa é a hora de mudar. Mas tenha um objetivo claro em mente. Pedir demissão porque cansou do chefe mal-humorado ou não gosta do café da lanchonete revela imaturidade. Transar no banheiro da festa... ...com o namorado de três anos. Depois de um tempo, qualquer relação, por melhor que ela seja, fica um pouco previsível — para uns em três meses, para outros em três anos. Transar no banco do carro ou na pia da cozinha vira uma lembrança tão remota quanto o frio na barriga que você sentia quando recebia uma mensagem dele. Sacuda esse namoro morno: meta-se numa saia curta, capriche no make e no cabelão — pense em como faria se ainda fosse solteira —, uma caipirinha, duas caipirinhas e carregue o seu namorado para o banheiro da festa. O resto é com você! Alugar uma casa de praia com os amigos Escolha bem: O lugar — tem que ser a uma distância que você possa percorrer sozinha mesmo que saia tarde na sexta-feira. Os amigos — que seja gente que você conheça de longa data. Não dá certo se você tiver que espremer seu leite-de-soja dentro de uma geladeira entupida de cerveja. E vice-versa. Ir da balada direto para o trabalho Quando você tem 20 anos, tira essa de letra. Depois dos 30, é uma prova de que ainda é a mesma. Mais: de que mudar a rotina faz bem para o corpo — tudo bem, lá pelas 3 da tarde você estará dormindo em cima do computador — e para a alma. Seja esperta e não vá meter o pé na jaca na noite anterior àquela apresentação do projeto para a diretoria. Fazer terapia Ok, você pode ter sido amada pelos seus pais, ter colecionado amigos na escola e namorados na faculdade. Passou no vestibular, viaja todas as férias, tem um emprego bacana e... bem, se sua vida é assim tão perfeita, isso também pode ser um problema. E, aqui entre nós, de perto ninguém é assim tão normal. Anote mais estas + Namorar um cara que seja mais novo que a sua carteira de identidade + Voltar para a casa dos pais (mesmo que seja por um mês) + Terminar um namoro de oito anos + Passar um final de semana em Nova York e levar um ano pagando as despesas AOS 40 ANOS Matar o trabalho e ir ao cinema Você pode fazer isso em dois tipos de situação: quando tudo em sua vida deu errado, você odeia seu chefe, levou um pé depois de sete anos de namoro e o seu cabeleireiro fez o favor de deixar seu cabelo alaranjado. Ou quando a vida está sorrindo para você: ganhou o aumento que esperava, seu namorado com quem mora há sete anos a pediu em casamento e o novo corte a deixou 15 anos mais jovem. Largue tudo, vá para o cinema e escolha algo como Quem Quer Ser um Milionário?. Descobrir que sexo é bom até quando é ruim Se você tem mais de 40, deve ter crescido na ditadura do orgasmo. Leu em todas as revistas que deveria a qualquer custo ter prazer durante o sexo. E ficou tão obcecada com a conquista do orgasmo que se esqueceu exatamente do “durante”. Daquele momento lascivo em que o coração acelera, as pernas amolecem, a pele fica úmida e os olhos brilhantes. Esqueceu do prazer do beijo, do toque, do amasso, de que algumas coisas na vida valem a pena mesmo quando não são assiiim... uma Brastemp? Entram nessa categoria pizza amanhecida, viagem com os amigos e, sim, sexo. Comprar a joia que sempre quis O recorte com a foto da joia já está amarelado no seu criado-mudo. Você já nem se lembrava que sonhou com aquele anel que custava duas vezes o seu salário. Seu namorado número 9 também era duro, o número 10 dizia que joias eram cafonas e o número 11 não se sensibilizou. Bem, você já é uma garota crescida, bem-sucedida e a loja está reeditando seus modelos mais famosos. Entre e compre sem piscar os olhos! Viajar com a amiga da adolescência Ela estava lá quando você cortou o cabelo igualzinho ao da Malu Mader em Tititi; quando passava horas imitando a Madonna; estava no cinema quando você deu o primeiro beijo; e foi a primeira para quem ligou quando transou com o Juarez. Ela está nas fotos dos seus 15 anos, da festa do vestibular, do seu casamento e do dia em que você saiu da maternidade. Por essas e pelas centenas de vezes que vocês estiveram juntas, arrumem as malas e se divirtam longe de maridos, filhos, do problema da infiltração do banheiro e da apresentação do trabalho. Amizades precisam de dedicação e de momentos para ser relembrados. E nos fazem sentir como se tivéssemos 15 anos de novo. Pular de paraquedas Como isso pode ajudá-la? Sua vida vai passar diante de seus olhos à medida que o avião sobe e você se sente como se estivesse no juízo final. Vai lembrar das coisas boas, das ruins, de tudo que gostaria de ter feito diferente, das pessoas que gostaria de ter amado mais e daquele ex-namorado que você deveria ter mandado plantar banana. Você tem certeza de que vai morrer, mas depois da queda livre a 200 km/h vai querer mais, vai querer viver tanto, viver tudo que postergou até aqui — e o primeiro ato será ligar para aquele ex e mandar... bem, você sabe o que dizer, não é mesmo? Anote mais estas + Quebrar a tradição do Natal em sua casa e viajar + Terminar um casamento perfeito aos olhos dos outros — mas que não lhe satisfaz mais + Dar uma palestra + Alugar um apartamento em Paris e passar seis meses + Trocar toda a decoração da casa + Reviver um amor da adolescência + Fazer pilates AOS 50 ANOS Fazer uma viagem com sua filha ou filho 20 anos mais jovem Foi você quem escolheu a escola, o horário que eles podiam e com quem podiam ir às festas, ou se estavam liberados para dormir na casa do/a namorado/a. Eles cresceram, saíram de casa, vocês continuam ligados, mas aquela relação de dependência diminuiu — ainda bem, não é mesmo? Que tal uma inversão nos papéis? Deixe a cargo dela/e o roteiro, a decisão de ficar no hotel cinco estrelas ou em um com banheiro no corredor, de viajar de avião, de ônibus ou trem. Deixe que eles sintam a pressão, a responsabilidade e todo o amor que havia por trás de cada não ou sim que você disse enquanto eles cresciam. E aproveite cada minuto da juventude, da alegria e da vontade de viver que alguém 20 anos mais jovem tem, sem reclamar do calor ou do frio, de almoçar um sanduíche. Em duas semanas você rejuvenescerá duas décadas. E talvez perca uns 3 quilos (minha mãe perdeu!). Continuar fazendo sexo Levante o dedo se você no auge de sua vida sexual não se pergunta como será quando chegar à menopausa. O desejo vai desaparecer, vou ficar gorda, flácida, de bigode e suando como se estivesse em uma sauna?, você se pergunta. Segundo uma pesquisa da Unicamp com mulheres entre 45 e 60 anos, 68% mantêm atividade sexual e 88% delas têm prazer na relação, no chamado “efeito Vera Fischer” — que posou com toda aquela exuberância para a revista Playboy aos 49 anos. Então, depende mais de você, de um bom ginecologista e de um personal trainer. Mas, please, arranje uma depiladora melhor que a da Vera. Dar uma festa de arromba para comemorar seus 50 Mesmo quando a festa era para você, era com seus pais ou seu marido que você decidia quanto e como gastar. Aos 50, querida, a coisa é com você. Permita-se, faça o que tem vontade, contrate a banda Roupa Nova — bem, não precisa abusar —, qualquer coisa, mas não economize com a única pessoa que você tem que agradar: você mesma. Socorrer um amigo em dificuldades financeiras Vamos acreditar que deu tudo certo e você tem casa, carro e otras cositas para chamar de suas. Nem todo mundo pode ter tido o mesmo destino, por falta de sorte, por falta de competência ou apenas porque o mundo todo resolveu entrar em crise. Se algum de seus amigos estiver encrencado, o que tem a ver com falta de dinheiro para pagar o aluguel ou o colégio das crianças — e não com o down grade do caviar Beluga para o foie gras —, ofereça ajuda e um empréstimo, se for necessário. Ser o mentor de alguém Você pode ser a presidente de uma múlti ou da sua casa — dona-de-casa é desmerecer o trabalhão que você tem para manter o “escritório” funcionando —, o importante é que você consiga identificar talentos. Dentro da empresa, você pode escolher alguém para crescer com você. Na vida diária, pode ser a manicure, que adoraria fazer um curso de esteticista. Ajude, oriente, faça com que tenham vida mais produtiva. A realização dos outros pode ser um grande feito em sua vida. Anote mais estas + Fazer o curso que você sempre quis mas nunca teve tempo + Trabalhar só meio período + Fazer um lifting + Correr uma maratona + Namorar um cara mais novo que o seu filho + Ir a um tour de três dias no deserto do Marrocos e dormir vendo as estrelas

domingo, 20 de janeiro de 2013

Parece estranhos aos humanos, mas eu nunca me disse uma. Sentir dores que ninguém mais consegue ouvir e vc se sente exatamente como antes. UM ET. Alguém que não pertence cada vez mais a esse mundo. È estranho, chega a ser depressivo aos olhos de quem ouve,mas quem está de verdade para entender tudo o que passa dentro da minha cabeça e no meu coração.