Eu quis ter momentos à sós contigo, quis segurar tua mão, ser tua mulher, toda tua. Não somente na hora do prazer, mas ser toda tua por inteiro, completamente tua. Você quis se perder na imensidão do divertimento, perdeu-me por algo tão inexplicavelmente supérfluo, efêmero. Amanhã, quando tudo isso passar, você se lembrará dos meus carinhos, dos meus beijos, da minha mão enlaçando a tua tão ternamente; lembrar-se-à do quanto fui cuidadosa com teus sentimentos, do quanto fui carinhosa com o teu ego, do quanto entreguei amor àqueles beijos tão intensos, tão apaixonados. Optei por sair pela porta da frente, antes que você me abandonasse, me magoasse ainda mais, levasse de mim, o coração tão pequenino que trago no peito.
Sinto, mas é melhor assim.'
Sinto muita saudade dos tempos em que meu coração era sólido; não sentia dor, não sentia nada.
Nessa época, meus sentimentos eram frios, desprovidos de sentimentalidade, de sagacidade, de amor e de nostalgia.
Eu não sentia meus dedos, cálidos, sentirem a brisa fresca da manhã ao abrirem a janela do meu quarto; não sentia dor, quando apertava-os até sangrar. Não sentia dor, quando um namoradinho da escola me dava uma bota ou quando outro fingia não me conhecer no dia que seguia o beijo -o tão esperado-; ou quando caía e me machucava no recreio -como da última vez que abri completamente o joelho esquerdo-. A dor física, para mim, nunca foi tão anestesiante como era para os outros colegas de escola... eu caía, sentia, levantava-me e continuava a correr, como se no instante anterior não houvesse "beijado o chão"; sentia-me tão bem, como no instante anterior a queda.
Não considero-me frágil, não. Sou tão somente forte como um bofetão, que desmoraliza-te quando encontra teu rosto.
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