Gosto de entrar e olhar o teu nome. Olho para ele e me parece seguro. Um nome doce, doce como todos que teve até então. Teu nome me faz lembrar de eventos passados e quase faz com que os presentes percam o contorno de trajédia que os envolveram. Gosto de olhar o teu nome e admirá-lo sem que saibas. Teu nome não mete medo. Teu nome é a epítome dos nossos sonhos. Teu nome é nosso silêncio confesso, escoando pela tela. Teu nome, o teu nome, aonde tudo se esconde, reaparece, desata, se aninha, se reata. Teu nome, tuas palavras, tudo indo para longe, mas teu nome ficando, gravado, me fazendo lembrar do que fomos, do que podíamos ter sido, da semente minúscula de esperanças que tento não perceber.
Teu nome me acolhe devagar e me faz te pensar mais e mais. Teu nome almenta minha confusão mental. Como se fosse um sonho cristalizado e íntimo. Teu nome, o teu nome, flor, o teu nome e as palavras que dissemo-nos, e o silêncio da própria vida que se me escapa enquanto escrevo. Seu nome sussurra um adeus de vida.
Eu te olho e não te vejo.
Te busco, mas não te reconheço.
De repente, tudo se perdeu e eu me perdi quando não te encontrei.
Eu não sei o que te dizer. Eu sequer sei aonde estamos. Como se enfim chegássemos ao fim... separados. Como se tudo tivesse sido inútil. Como se, milênios a milênio, eu tivesse, tolamente, lutado contra a inexorabilidade do destino que decretou que seguiríamos alijados eternamente. Oh, sim, eu forço o destino até o fim. Mas não foi este o final que previ. Você sabe bem dos meus sonhos. Foi a tecedura deles que te arrastou por esses milênios também, liberto de mim como eu preso a você estive desde que juntos, como se ao sonhar sob as estrelas, tivéssemos pego emprestado sua força e determinação. Mas nos meus sonhos não havia isso> o momento extremo com nós dois sozinhos, incapazes de dar a mão ao outro. E, de repente, todos os sonetos nos quais eu te chamava te crendo perto quando estavas distante, fazem todo o sentido agora. Eu te criei perto, quando estavas distante. Eu não te conheci quando pensei que te reconhecia.
Onde a lógica cartesiana e impoluta. Onde a essência clara do amor veridiano Onde a força que nos unia ainda quando separados por planos: Onde o que se revertia e sentia em extremos de superação e ternura:
De repente, é como se vocês se fundissem e se tocassem. Atitudes análogas, não importanto o que eu diga e faça. Impotência. Déja vù. Solidão líquida nos braços mais ternos do mundo. Desprezo nas atitudes, enquanto as palavras invejam o próprio mel. O medo então me mantém paralisada
Nele eu busco defesas, mas só encontro pesadelo, enquanto lembro da ternura do teu cabelo acariciando minha pele. Teu distante ser me leva e me deixa no meio do caminho, quando de tudo que eu precisava era de uma mão, da tua mão enfim nas minhas, como quando sonhávamos sob as estrelas um sonho tão ingênuo, tão intenso, tão profundo, que pareceu ganhar-lhes o favor, adquirindo tecedura celeste e luminescência que iluminasse para além do fim de nossa própria resistência.
Agora, pela primeira vez, estou além das palavras. Das mais lindas ou das mais delicadas, das mais auves e intensas, acompanhadas das mais insofismáveis vibrações. Apenas um gesto me trará. Gesto cujo nome não sei, mas cuja esperança é o único que me sustenta.
Há um modo. Loucura, mas que importa?
Por que tanta sanidade, se, ao final, estou sempre sozinha: O não existir, a não-consciência, estar livre da perseguição dela e do medo que você me traz.
Sinto-me lentamente escorregando para um lugar dentro de mim. Esse lugar é escuro, bagunçado, assustado e triste... Mas ao menos eu sei aonde estão as coisas. Ao menos nenhuma das duas entra. Penso, realmente, mon amour, em entrar sozinho nesse quarto e lá, tanto quanto possa, arrumar as coisas todas sozinha. Porque, apesar de tudo que diz a sagrada teoria, pedir ajuda sempre me trouxe dor, jamais conforto e acolhimento efetivo.
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