quarta-feira, 13 de abril de 2011

Danem-se !

Num ato de loucura ela pulou, se jogou de olhos fechados, um risco nada calculado, um momento insano, fora de consciência, um ato desenfreado de busca de adrenalina. No momento lhe parecia plausível, não que tivesse calculado os riscos, mas achou que conseguiria firmar os pés no chão após a queda. E então tirou os sapatos, não era a primeira vez que fazia isso, já sabia das possíveis perdas, dos possíveis cortes e dores, mas sentiu um impulso incontrolável, como se dessa vez nada fosse lhe machucar, como se dessa vez seus pés fossem procurar o lugar certo de pisar e não haveria cortes, dores, sangramentos desnecessários. Fechou os olhos e se jogou. Sentiu toda brisa lhe acariciar, foi em queda livre de mão dada com a liberdade, numa sensação única de autoconfiança e bem estar. Percebeu que as conseqüências ali pouco importavam, o vento que levava seu corpo era muito mais grandioso agora, se houvessem cortes um dia cicatrizariam e por hora lhe bastava seu sorriso, ela ria compulsivamente, seu estomago revirava e ela abriu os braços. Possivelmente poderia cair, mas por hora estava a voar.
São portas que se abrem em momentos inconstantes, são vidas que lhe atraem e saltam sobre ela, são cores reluzentes que ofuscam os seus olhos, são melodias intensas que a fazem chorar. Não há rotina em sua rotina, ela enxerga sempre mais e cada dia é diferente. É a bela instabilidade que lhe comanda, é o querer de hoje e o adeus de amanhã. Fecha os olhos e dança, tem ritmo mesmo sem ter, gosta de andar na chuva e de olhar dentro dos olhos de quem a vê. É intensa em todos os detalhes, sofre por amor, o transforma em versos e adormece feliz. Poetiza a vida, lança tonalidades vibrantes por onde passa, colore o mundo, encanta, transforma, confia. É dotada daquela doce ingenuidade, acredita no mundo, acredita nas pessoas, abraça a vida e esta sempre sendo abraçada por ela.

"A flor também é, ferida aberta, e não se vê chorar" Chico Buarque

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